O perdão supera o ódio.
Vá te reconciliar, e obterás o perdão, e a tua vida vai melhorar um pouco, porque para melhorar muito, precisarás modificar o teu ego."
Jesus anda sobre as águas
(= Mt 14,22 - 36 = Mc 6,47 – 53)
16 – Chegada a tarde, os seus discípulos desceram à margem do lago. 17 – Subindo a uma barca, atravessaram o lago rumo a Cafarnaum. Era já escuro, e Jesus ainda não se tinha reunido a eles. 18 – O mar, entretanto, se agitava porque soprava um vento rijo. 19 – Tendo eles remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram Jesus que se aproximava da barca, andando sobre as águas, e ficaram atemorizados. 20 – Mas ele lhes disse: "Sou eu, não temais." 21 – Quiseram recebê-lo na barca, mas pouco depois a barca chegou ao seu destino.
Discurso de Jesus sobre o pão da vida
22 – No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar percebeu que Jesus não tinha subido com seus discípulos na única barca que lá estava, mas que eles tinham partido sozinhos. 23 – Nesse meio tempo, outras barcas chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão, depois de o Senhor ter dado graças. 24 – E, reparando a multidão que nem Jesus nem os seus discípulos estavam ali, entrou nas barcas e foi até Cafarnaum à sua procura.
25 – Encontrando-o na outra margem do lago, perguntaram-lhe: "Mestre, quando chegaste aqui?"
26 – Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes os pães e ficastes fartos. 27 – Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal."
28 - Perguntaram-lhe: "Que faremos para praticarmos as obras de Deus?" 29 – Respondeu-lhes Jesus: "A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou." 30 – Perguntaram eles: "Que milagres fazes tu para que o vejamos e creiamos em ti? Qual é a tua obra? 31 – Nossos pais comeram o maná no deserto, segundo o que está escrito: Deu-lhes de comer o pão vindo do céu"(Sal 77,24). 32 – Jesus respondeu-lhes: "Em verdade em verdade vos digo: Moisés não vos deu o pão do céu, mas o meu Pai é quem vos dá o verdadeiro pão do céu; 33 – porque o pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo."
34 – Disseram-lhe: "Senhor dá-nos sempre deste pão!"
35 – Jesus replicou: "Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. 36 – Mas já vos disse: Vós me vedes e não credes... 37 – Todo aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora. 38 – Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39 – Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia. 40 – Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia."
41 – Murmuravam então deles os judeus, porque dissera: "Eu sou o pão que desceu do céu" 42 – E perguntavam: "Por ventura não é ele Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?" 43 – Respondeu-lhes Jesus: "Não murmurei entre vós. 44 – Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia. 45 – Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus(Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim. 46 – Não que alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o Pai. 47 – Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna. 48 – Eu sou o pão da vida. 49 – Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram. 50 – Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer. 51 – Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo."
52 – A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: "Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?" 53 – Então Jesus lhes disse: "Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. 54 - Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 55 – Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. 56 – Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. 57 – Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. 58 – Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente."
59 – Tal foi o ensinamento de Jesus na Sinagoga de Cafarnaum.
60 – Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: "Isto é muito duro! Quem o pode admitir?" 61 – Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza?
62 – Que será, quando virdes o Filho do homem subir para onde ele estava antes?... 63 – O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. 64 – Mas há alguns entre vós que não crêem..." Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair. 65 – Ele prosseguiu: "Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido."
66 – Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele. 67 – Então Jesus perguntou aos Doze: "Quereis vós também retirar-vos?" 68 – Respondeu-lhe Simão Pedro: "Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. 69 – E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!" 70 – Jesus acrescentou: "Não vos escolhi eu todos os doze? Contudo um de vós é um demônio!..." 71 – Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, porque era quem o havia de entregar, não obstante ser um dos Doze.
O bom pastor
10 1 – "Em verdade, em verdade vos digo: quem não entrá pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobre por outra parte, é ladrão e salteador. 2 – Mas quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3 – A este porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz à pastagem 4 – Depois de conduzir todas as suas ovelhas para fora, vai adiante delas; e as ovelhas seguem-no, pois lhe conhecem a voz. 5 – Mas não o seguem o estranho; antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos." 6- Jesus disse-lhes essa parábola, mas não entendiam do que ele queria falar.
7 – Jesus tornou a dizer-lhes: "Em verdade, em verdade eu vos digo: eu sou a porta das ovelhas. 8 – Todos quantos vieram [antes de mim] foram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram. 9 – Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; também entrará como sairá e encontrará pastagem. 10 – O ladrão não vem senão para furtar, matar e destruir. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância.
11 – Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. 12 – O mercenário, porém, que não é pastor a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. 13 – O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. 14 – Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim. 15 – Como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. 16 – Tenho ainda minhas ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.
17 – "O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. 18 – Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai.
19 – A propósito destas palavras originou-se nova divisão entre os judeus. 20 – Muitos deles diziam: "Ele está possuído do demônio. Ele delira. Por que o escutais vós?" Outros diziam: "Estas palavras não são de quem está endemoninhado. Acaso pode o demônio abrir os olhos a um cego?
Ressurreição de Lázaro
11 1 – Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. 2 – Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro que estava enfermo, era seu irmão. 3 – Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: "Senhor, aquele que tu amas está enfermo."
4 – A estas palavras, disse-lhes Jesus: "Senhor, esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus."
5 – Ora, Jesus amava Marta, Maria sua irmã, e Lázaro. 6 – Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar, 7 – Depois, disse a seus discípulos: "Voltemos para a Judéia." –8 - Mestre, responderam eles, há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá?" 9 – Jesus respondeu: "Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 – Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz." 11 – Depois destas palavras, ele acrescentou: "Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo." 12 – Disseram-lhe os seus discípulos: "Senhor, se ele dorme, há de sarar." 13 – Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal. 14 – Então Jesus lhes declarou abertamente: "Lázaro morreu. 15 – Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele. "16 – A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: "Vamos também nós, para morrermos com ele."
17 – A chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro. 18 – Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. 19 – Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. 20 – Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa. 21 – Marta disse a Jesus: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido! 22 – Mas sei também agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá." 23 – Disse-lhe Jesus: "Teu irmão ressurgirá." 24 – Respondeu-lhe Maria: "Sei que há de ressurgir na ressurreição do último dia." 25 – Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. 26 – E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?" 27 – Respondeu ela: "Sim Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo."
28 – A essas palavras ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: "O Mestre está aí e te chama." 29 – Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro dele. 30 – (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta o tinha encontrado.) 31 – Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar. 32 – Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: "Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!" 33 – Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam. Jesus ficou intensamente comovido
38 – Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. 39 – Jesus ordenou: "Tirai a pedra." Disse-lhe Maria; irmã do morto: "Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí..." 40 – Respondeu-lhe Jesus: "Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus?" Tiraram, pois, a pedra. 41 - Levantado Jesus os olhos ao alto, disse: "Pai, rendo-te graças, porque me ouviste. 42 – Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda para que creiam que tu me enviaste." 43 – Depois destas palavras, exclamou em alta voz: "Lázaro, vem para fora!" 44 – E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: "Desligai-o e deixai-o ir."
Jantar em Betânia
12 1 – Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. 2 – Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. 3 – Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. 4 – Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: 5 – "Por que não se vendeu esse bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?" 6 - Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa furtava o que nela lançavam. 7 – Jesus disse: "Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. 8 – Pois sempre tereis convosco, os pobres, mas a mim nem sempre me tereis."
9 – Uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus lá estava; e chegou, não somente por causa de Jesus, mas ainda para ver Lázaro, que ele ressuscitara. 10 – Mas os príncipes dos sacerdotes resolveram tirar a vida também a Lázaro, 11 – por que muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus.